Soluções sustentáveis para Amazônia são apresentadas em webinar global sobre felicidade e sustentabilidade
No 50º aniversário do Dia da Terra, comemorado em 22 de abril, a Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável (SDSN) reuniu aproximadamente 300 pessoas de todo o mundo em um webinar de 24 horas intitulado “Felicidade e Sustentabilidade ao Redor da Terra”. O evento foi realizado com a proposta de vincular os participantes por meio das temáticas de felicidade e desenvolvimento sustentável, com o compartilhamento de ações concretas, soluções e histórias.
No Relatório Mundial de Felicidade, da Organização das Nações Unidas (ONU), a felicidade é quantificada com indicadores de bem-estar social, além do Produto Interno Bruto (PIB), demonstrando que o uso do bem-estar social como objetivo pode impulsionar melhores políticas e progressos públicos em cada país. Por esse motivo, o tema foi escolhido para ser associado ao desenvolvimento sustentável no webinar global.
Dentre os palestrantes que representaram a SDSN Amazônia, estava a doutora em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Alíria Noronha, que abordou a perspectiva indígena do Bem Viver como instrumento de felicidade coletiva, baseada na pesquisa que sustentou sua tese de doutorado intitulada “Da Felicidade ao Bem Viver Baniwa: da teoria à prática da sustentabilidade”.
Por ser coletiva e priorizar o bem comum, a filosofia do Bem Viver se apresenta como uma alternativa de vida mais sustentável que a felicidade do mundo ocidental, que se baseia no alcance dos desejos individuais, conforme explicou a pesquisadora. “De modo geral, os povos indígenas gostam muito de ser quem eles são. Os Baniwa, por exemplo, gostam de ser Baniwa, gostam da vida que têm, não querem ser outras pessoas ou pertencer a outros grupos sociais”, disse.
Ainda durante a palestra, Alíria destacou que um dos pilares principais do bem-estar seriam as relações interpessoais, a existência de um grupo de apoio e a ajuda na construção do grupo de apoio de outros. “Quando você se mostra uma pessoa que cuida das outras, quando você dá importância ao bem-estar das outras pessoas, é natural que outras pessoas se importem com seu bem-estar”, afirmou.
Soluções sustentáveis e inovadoras
A SDSN-Amazônia lançou, no ano passado, uma chamada regional para premiar as melhores soluções de suas organizações membros. Mais de 20 iniciativas participaram para representar a rede no Global Solutions Forum (GSF), em Nova York.
Durante o webinar, os participantes conheceram duas dessas soluções: A “Gastronomia com sabor a conservação”, da Amazónicos por La Amazonía (AMPA, Peru), que foi apresentada pela diretora executiva da ONG, Karina Pinasco; e o “Programa de Incubação e Aceleração para Empreendedores da Amazônia”, da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA/Idesam, Brasil), que foi apresentado pelo coordenador da plataforma, Mariano Cenamo.
O projeto “Gastronomia com sabor a conservação”, desenvolvido na região de San Martín, acompanha associações na realização e na gestão de áreas de conservação conectando a grande dispensa da Amazônia Andina com a cadeia gastronômica peruana e com cozinheiros renomados nacional e internacionalmente, mas assegurando a sustentabilidade dos suprimentos, a defesa das florestas e melhorando a qualidade de vida dos camponeses.
A iniciativa também capacita as lideranças no manejo dos recursos, assim como melhora os processos de transporte para garantir que os produtos mantenham a sua qualidade até a chegada ao consumidor. Dessa forma, são aproveitados integralmente, potencializando os subprodutos e derivados.
“Tudo o que estamos vivendo nessa economia de consumo das últimas décadas não está certo, pois está gerando uma maior pobreza”, disse Karina em sua apresentação, destacando ainda que a equipe que compõe o projeto tem certeza de que quando se ama o que se come, há o desejo de cuidar. Com isso, é possível garantir melhores condições de trabalho, pois a gastronomia não se limita ao prato, restaurantes ou sabores exóticos.
Já o Programa de Incubação e Aceleração da PPA surgiu com o intuito de incentivar e apoiar iniciativas e negócios que buscam impulsionar uma nova economia na região, contrária ao desmatamento e às atividades predatórias, e valorizando a sociobiodiversidade.
O projeto objetiva fornecer todo o apoio necessário para o desenvolvimento e crescimento de startups de impacto socioambiental positivo, com a proposta de transformar a mentalidade atual de exploração irracional de recursos, tanto ambientais quanto humanos e focar numa relação saudável entre o desenvolvimento econômico local, o meio ambiente e a sociedade.
Durante a palestra, Mariano Cenamo destacou que a Rede PPA acredita que o setor privado pode ter um papel de protagonista na construção de soluções para os problemas sociais e ambientais da Amazônia. “Eles esperam que nos próximos cinco anos consigam investir 40 milhões de reais em 75 negócios. Atualmente estamos com 12 na carteira, beneficiando 10 mil famílias, ajudando a conservar cinco milhões de hectares de floresta”, concluiu.